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segunda-feira, 19 de abril de 2010


O padre Edilson Duarte admitiu que abusou sexualmente de ex-coroinhas menores de idade, em depoimento a Comissão Parlamentar do Inquérito (CPI) que apura casos de pedofilia no Brasil. A confissão foi feita em depoimento do religioso ao presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), durante audiência da Comissão no Fórum da Justiça Estadual, em Arapiraca.
Edilson disse ainda que os outros dois religiosos - monsenhores Luiz Marques Barbosa e Raimundo Gomes - também abusavam de ex-coroinhas desde que eles tinham 14 anos de idade. Além disso, o padre afirmou que o dinheiro do dízimo (das oferendas) era usado para pagar os menores que foram aliciados por ele e os outros dois religiosos.
Acareado com o Edilson, os monsenhores Luiz Barbosa e Raimundo Gomes negaram as acusações e chamaram o acusador de "mentiroso". "Isso é um absurdo. Uma mentira deslavada" afirmou Barbosa, que aparece numa fita de vídeo fazendo sexo com um ex-coroinha de 19 anos. No entanto, durante a acareação com os religiosos, os ex-coroinhas confirmaram as acusações e deram detalhes dos relacionamentos.
No início, Edilson também havia negado as acusações, mas decidiu assumir o crime e denunciar os demais religiosos em troca da delação premiada. Depois disso, ele se disse ameaçado de morte e pediu proteção à CPI.
O senador Magno Malta disse que o pedido dele estava aceito e que ia pedir à Polícia Federal proteção para o religioso, que pode também entrar para o serviço de proteção às testemunhas. "Peço segurança porque o monsenhor Raimundo é muito perigoso e pode querer acabar com a minha vida, depois desse depoimento", afirmou Edilson.
Questionado se essa preocupação do padre Edilson teria fundamento, monsenhor Raimundo disse que não e que não representaria nenhuma ameaça ao colega. Raimundo também negou qualquer envolvimento sexual com os ex-coroinhas, embora tenha sido acusado por um deles, que disse ter sido molestado desdém os 14 anos.
Já o monsenhor Luiz Barbosa - diante do vídeo exibido para o público durante a audiência - reconheceu que estava praticando ato sexual com o ex-coroinha Fabiano Silva Ferreira, de 18 anos. Mas disse que tinha sido apenas aquela vez. Ele foi desmentido por Fabiano e por mais dois ex-coroinhas. Barbosa também negou que usava dinheiro da oferta dada pelos fiéis à Igreja Católica, para pagar os adolescentes.
O ex-coroinhas Cícero Flávio e Anderson Farias Silva também relataram que foram abusados sexualmente pelos três religiosos e que gravaram o vídeo para ter uma prova contra o monsenhor Luiz Barbosa. Os ex-coroinhas contavam que o Monsenhor Luiz Barbosa servia bebidas alcoólicas para eles e que inventava ''retiros espirituais'' em uma casa que mantinha na praia da Barra de São Miguel para abusar sexualmente dos menores.
O ex-coroinha Fabiano afirmou que teve a primeira relação com o padre aos 16 anos, na catedral da cidade. "Ele perguntou minha idade e mesmo assim praticou o ato", assegurou, sendo confirmado pelo padre. "Às vezes eles nos davam R$ 5,00, R$ 10,00. Era um cala boca para que a gente não contasse, como se fôssemos garotos de programa", afirmou Cícero Flávio.
O senador Magno Malta disse que as acusações são tão graves que vai pedir a prorrogação da CPI para continuar os trabalhos de investigação. "O prazo terminaria no início de maio, mas pelo visto nós devemos trabalhar até o final do ano", afirmou.
Após três dias de depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia do Senado Federal, o padre Luiz Marques Barbosa, de 83 anos, foi preso em Arapiraca. Além dele, dois funcionários da paróquia - o motorista José Reinaldo Bezerra e a assistente social Maria Isabel dos Santos - foram presos por terem prestado falso testemunho e mentir no depoimento. O padre teve voz de prisão decretada, logo após uma equipe da Polícia Civil encontrar mais provas do delito em sua residência, como passagem de avião, bebidas alcoólicas e cremes corporais íntimos. O monsenhor manteria uma casa na Barra de S. Miguel para os encontros.
Além dele, dois outros padres de Arapiraca são acusados da prática de pedofilia, por terem abusado de coroinhas. Um deles é o padre Raimundo Gomes, que negou a prática. Os adolescentes Fabiano Silva Ferreira, Cícero Flávio Vieira Barbosa e Anderson Farias Silva, frente a frente com o acusado, confirmaram o assédio e garantiram que o sacerdote pegava nos seus órgãos genitais durante as celebrações eucarísticas.
O terceiro acusado, o padre Edílson Duarte, em troca da delação premiada decidiu contar detalhes e acusou os outros dois colegas. Ele admitiu a prática da pedofilia entre religiosos. Acareado com os outros dois, reafirmou que o colega sacerdote era homossexual e que mantinha relações sexuais com crianças e adolescentes. Réu confesso, Edilson Duarte foi liberado. Caso ele ainda seja preso, poderá ter a pena reduzida por ter colaborado com as informações à CPI.
Uma das primeiras perguntas feitas pelo senador Magno Malta (PR/ES), presidente da CPI, ao monsenhor Luís Raimundo Gomes foi quanto à sexualidade dele. "O senhor é homossexual?", indagou. O religioso se limitou apenas a dizer que era do 'voto de celibato'. Quando questionado novamente sobre o assunto, o sacerdote foi mais direto: "Prefiro me calar".
Durante todo o interrogatório o monsenhor Raimundo Gomes negou qualquer aproximação com os adolescentes e afirmou que nunca foram seus coroinhas.
Anderson Farias se levantou da cadeira onde estava e desmentiu o religioso. "O senhor inclusive me chamava para dormir na sua casa alegando que tinha medo de ficar sozinho. E, quando adormecíamos no quarto, a sua pessoa descia da cama e vinha para o colchão onde eu estava. Para evitar constrangimento e com medo da sua reação, eu fingia estar dormindo, enquanto o senhor ficava me beijando e acariciando os meus órgãos genitais", confirmou Anderson diante de uma plateia perplexa.
Apesar das acusações de Anderson Farias, o monsenhor continuou negando qualquer envolvimento e foi alertado que poderia ser preso.

- Eu só posso dar voz de prisão em duas situações: desacato ou mentira. Se o senhor mentir, sairá daqui preso - ameaçou Magno Malta.
O alerta fez Raimundo Gomes chorar.
O escândalo
Os três padres foram acusados de abusar sexualmente dos ex-coroinhas quando estes ainda eram crianças e veio à tona após a divulgação de um vídeo, gravado por uma das vítimas e divulgado no programa conexão repórter, do jornalista Roberto Cabrini do SBT.
As imagens mostram um dos ex-coroinhas, Fabiano Ferreira, de 20 anos, mantendo relações sexuais com o monsenhor Luiz Marques Barbosa. Na reportagem, o adolescente alega que era abusado desde os 9 anos.
Cícero Flávio, 22 anos, é outro ex-coroinha que também denunciou os religiosos. O vídeo também afirma que a casa do monsenhor foi construída com recursos da comunidade católica de Arapiraca. O advogado dos padres, Daniel Fernandes, garante que seus clientes foram vítimas de chantagem e extorsão por parte dos ex-coroinhas.
Depois do escândalo, que abalou a comunidade católica alagoana e inclusive provocou a reação do Vaticano, a CPI da Pedofilia foi a Alagoas para ouvir as vítimas e os acusados.
Por André Araújo

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